quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Capelães prisionais reunidos em Fátima

Para D. Carlos Azevedo, presidente da Pastoral Social da Conferência Episcopal, é urgente despertar a sensibilidade da Igreja e da sociedade para a realidade penitenciária, e fomentar a mudança cultural. “É preciso uma mudança cultural que termine com esta atitude reactiva, defensiva, que apenas requer controlo social, e punição severa dos delitos sem interrogar as causas.”

Nesse sentido o bispo auxiliar da diocese de Lisboa defende a criação em todas as dioceses do país de um departamento da pastoral penitenciária. “É preciso animar portanto cada diocese a estableecer e promover uma pastoral penitenciária, porque o sujeito da pastoral é sempre toda a comunidade eclesial, sob a condução do seu pastor. Não pode por isso ser apenas delegada para o capelão e os visitadores, deve implicar a comunidade nas suas diversas expressões.”

A proposta vai ser formalmente apresentada aos bispos portugueses na próxima assembleia plenária em Abril.

Missão atrás das grades

O padre João Gonçalves, coordenador nacional dos capelães prisionais, fala da missão da Igreja dentro das prisões mas também dos deveres do Estado perante os que estiveram presos, nomeadamente na necessidade de investir mais na reinserção.

”A nossa presença é sempre de criar esperanças nos reclusos e também de exercer alguma influência discreta e serena no sistema, para que o tempo de reclusão seja um tempo de reflexão, um tempo de reabilitação da própria pessoa tendo em vista a sua reintegração social. Percebemos que uma grande parte das pessoas que passam pelas nossas prisões é composta por pobres, que provêem já de situações sociais complicadas”, explica.

O dia-a-dia dos capelães prisionais é desconhecido da maioria das pessoas. O padre José Luís Adeganha é o capelão da cadeia de Tires. A sua missão é prestar assistência religiosa às reclusas mas, no seu dia-a-dia, acaba por funcionar como amigo, conselheiro e elo de ligação entre quem cumpre pena e quem aguarda cá fora.

Além da missa que celebra três vezes por semana, o capelão de Tires ocupa os seus dias a conversar com as mulheres que estão presas, tentando ajudá-las a preparar a sua saída.

Até agora ainda não celebrou nenhum casamento na cadeia, mas os baptizados são frequentes, tanto em crianças como em adultos.

“Devia haver muito mais investimentos, a nosso ver. Investimentos em pessoal e a nível financeiro, para que essas pessoas tenham uma primeira resposta que seja um abrigo, alojamento, alimentação, alguém que de repente e imediatamente os agarrasse no sentido de os ajudar, acolhendo-os para que possam ir fazendo a sua reinserção numa sociedade que lhes pertence.”

O sexto encontro nacional da pastoral penitenciária vai ainda debruçar-se sobre o novo projecto-lei que regula a assistência religiosa nas prisões, e sobre a parceria que foi celebrada com a Caritas portuguesa no âmbito do voluntariado nas prisões.

in http://www.rr.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=95&did=86722

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